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Professores superam dificuldades em busca da graduação

Encerrou-se no último dia 11 mais uma etapa do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) no município de Monte Alegre/PA. A cidade atende, atualmente, cerca de 300 alunos nos cursos de licenciatura intervalares oferecidos pela UFOPA. A maioria dos professores contemplados pelo programa do Ministério da Educação leciona na zona rural, não só de Monte Alegre, mas também de Prainha e Porto de Moz. O município conta com 8 turmas em andamento, sendo duas iniciadas em 2012.

Uma das calouras é Jandriely Pereira de Santana, da turma de Letras - Português/Inglês. Atuando na educação infantil há 3 anos na comunidade de Ipanema, em Prainha, a professora conta que a localidade possui especial carência de educadores de língua inglesa com graduação. “Por isso sempre tive muita vontade de estudar inglês e tinha esperança de ser selecionada no PARFOR. Estou feliz de estar em uma universidade pública, com professores melhor qualificados, conhecendo pessoas de diferentes áreas e com mais experiência”, disse.

A Profa. Maria Luiza Pimentel, do Instituto de Ciências da Sociedade (ICED) da UFOPA, explica que a necessidade de professores de inglês é uma realidade em toda a região. Segundo ela, antes do PARFOR, somente a Universidade Federal do Pará (UFPA) havia ofertado o curso de Letras – Inglês em Santarém, na década de 1990, e, ainda assim, apenas duas turmas foram formadas. “A UFOPA veio com esse grande propósito de formar professores de língua inglesa, o que foi uma iniciativa excelente porque a demanda é grande”, disse.

Na turma de Português/Inglês 2010 do PARFOR, apenas 4 dos 36 alunos atuam no ensino de inglês, todos em desvio de função. Apesar da dificuldade devida ao fato de muitos nunca terem estudado a língua, Maria Luiza Pimentel destaca a dedicação dos alunos-professores: “Eles se esforçam muito. Só não mais porque existe um contexto social e profissional muito complexo, pois eles são pais, mães, professores. Alguns moram a 60 km, vêm de outra cidade”.

Também fazendo pela primeira vez um curso de nível superior, Gleuciane Castro sabe das dificuldades que terá que enfrentar nos próximos 4 anos, mas afirma que nenhuma delas a impedirá de concluir sua licenciatura integrada em História/Geografia. Professora na zona rural de Porto de Moz, ela teve o apoio do marido e do filho, que a acompanharam na viagem até Monte Alegre, e de uma tia, que a hospeda durante as aulas. “A gente pode achar que é difícil, que é muito trabalho, mas eu sei que vou chegar até o final. O PARFOR, para mim, é a abertura de um novo futuro. Estar aqui tem um valor inestimável”, disse.

Agenda Cidadã - Este ano, os professores do Centro de Formação Interdisciplinar (CFI) da universidade juntaram as duas turmas de calouros, História/Geografia e Letras, e as separaram por origem: uma turma de alunos de Monte Alegre e outra de Prainha e Porto de Moz. A redistribuição foi feita para facilitar o trabalho de cada grupo no módulo SINT/IBR – Seminários Integradores/ Interação na Base Real. Em 2012, o SINT/IBR está vinculado ao Agenda Cidadã, projeto da UFOPA em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que busca realizar o diagnóstico socioambiental das comunidades atendidas pelas escolas onde os alunos atuam.

“Cada grupo vai trabalhar no seu local de origem. Eles vão para campo traçar o perfil socioambiental dessas comunidades. Na minha turma, por exemplo, de Monte Alegre, vamos atender 25 comunidades. Eles vão aplicar um questionário que vai levar em consideração todas as questões sociais, econômicas e ambientais para entender um pouco o perfil dessas pessoas e, futuramente, fazer ações que promovam a melhoria da qualidade de vida”, explica a Profa. Soraia Lameirão, do CFI. Os resultados finais serão apresentados em dezembro deste ano.

O Prof. Dércio Duarte conta que a experiência de lecionar no PARFOR tem sido interessante profissionalmente, porque vai ao encontro dos objetivos do CFI: “Nós estamos trabalhando com pessoas que já estão atuando, mas no sentido de tentar fazer com que elas tenham outro tipo de visão sobre a sua realidade, principalmente dentro da proposta do CFI, da formação interdisciplinar, que é uma visão integral do indivíduo: olhando para a sua realidade, sabendo analisá-la de maneira crítica, sabendo avaliá-la e, a partir dela, criar conhecimento e saber intervir. Eu creio que esse tipo de formação é muito interessante para esses estudantes, porque eles podem levar isso para a sua sala de aula, serem divulgadores dessa nova visão”.

Jussara Kishi – Comunicação/UFOPA

14/8/2012