UFOPA exibe projeto de óleos essenciais em feira agroindustrial
A Amazônia é rica em plantas aromáticas produtoras de óleo essencial, matéria-prima para a produção de perfumes, cosméticos e alimentos. No entanto, na região Amazônica, a transformação delas em produtos para o mercado ainda é pouco incentivada. Para mudar esta realidade, a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), por meio do Laboratório de Produção e Desenvolvimento de Produtos Naturais Bioativos, incentiva a pesquisa e o desenvolvimento de matérias-primas de espécies de plantas como cumaru, oriza, breu, priprioca, estoraque, pataqueira, macacaporanga, preciosa e pau-rosa.
Todo esse trabalho, desenvolvido sob a coordenação do Prof. Dr. Lauro Barata, está em exposição no estande da UFOPA, na 35ª Exposição Feira Agropecuária e Agroindustrial do Baixo Amazonas, que acontece em Santarém até o dia 12 de agosto. Para mostrar que o processo de extração de óleos essenciais é simples, barato e ecológico, uma dorna, que condensa plantas aromáticas, gerando óleos e uma água de cheiro denominada hidrolato, foi exposta e tem chamado a atenção do público visitante da Feira, que recebe de brinde uma amostra da água de cheiro para limpeza de casas e banheiros. “Quando a Universidade trouxe o projeto para a Feira, a ideia foi mostrar como produzir óleos essenciais padronizados de plantas aromáticas da Amazônia para o mercado internacional, em um sistema agroindustrial, pois os óleos essenciais tem mercado internacional garantido e já são usados por empresas cosméticas instaladas no Pará”, informa o professor.
Ainda de acordo com o professor, o projeto prevê cultivo em áreas modulares de 20 ha com 10.000 mudas de pau-rosa consorciadas à outras espécies aromáticas e a mandioca. O óleo é obtido pela poda das folhas e extração tradicional por arraste a vapor em usina comunitária, com rendimento mínimo de 1%; assim, de 1 tonelada de folhas obtêm-se 10 kg de óleo. A partir do 5º ano, entra na fase industrial, alcançando uma produção de cerca de 1.000 litros de óleo essencial, que tem mercado pelo preço mínimo de US$ 100/kg, levando a um faturamento de US$ 100.000,00 aos produtores ou US$ 5.000/ha. “O Brasil é o 4º exportador, com quase US$ 150 milhões de dólares, mas 90% disso são óleos cítricos, subproduto da indústria da laranja. Apenas 0,1% da exportação são produtos da biodiversidade brasileira, como o pau-rosa”, comenta.
A vantagem do desenvolvimento de matérias-primas é que ele pode ser apropriado por pequenos produtores em comunidades, gerando emprego e renda. “Iniciamos este projeto quando eu ainda estava na Unicamp. Ele foi financiado pelo Banco da Amazônia e estabeleceu um consórcio de mandioca, curauá e pau-rosa em área de pasto já alteradas, ajudando a reduzir a devastação da Amazônia”.
Outras matérias-primas aromáticas da região são exportadas em bruto, como a copaíba e o cumaru, rendendo muito para os que detêm a tecnologia de transformação, mas pouco para os produtores. “O Oeste do Pará já foi importante centro produtor de óleo de pau-rosa. Hoje pode voltar a produzir matérias-primas para perfumaria e cosméticos”, conclui o professor.
Talita Baena – Comunicação/UFOPA
8/8/2012