UFOPA propõe criação de Jardim Botânico em área devastada por empreendimento imobiliário
A Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) encaminhou ofício ao Ministério Público Federal propondo a criação de um Jardim Botânico na área devastada no entorno do Lago do Juá, na Rodovia Fernando Guilhon, resultado da atuação de um empreendimento imobiliário. “Em vez de um condomínio intitulado, equivocadamente, “Cidade Jardim”, sugerimos a criação de um Jardim para a Cidade”, afirmou o reitor José Seixas Lourenço.
De acordo com o documento, a universidade propõe “novo uso para a área de empreendimento Cidade Jardim, situada entre a Rodovia Fernando Guilhon e a margem do Rio Tapajós, contígua ao aeroporto de Santarém”. O documento segue afirmando que “pelo que se observa no prospecto de promoção comercial, divulgado pela empresa Buriti Imóveis, não houve, por parte dos planejadores e incorporadores, preocupação em manter pelo menos parte da cobertura vegetal original”.
“Atenta à realidade do município de Santarém e ciente do seu papel perante a comunidade, propõe que a área seja recuperada, sob sua orientação, e seja destinada à implantação de um Jardim Botânico representativo da flora regional”, sugere o documento.
“A retirada, de forma rasa, da vegetação original, sem a manutenção de qualquer exemplar, fere frontalmente a legislação e levanta a possibilidade de esterilização do solo com o risco de assoreamento do Lago do Juá, visto que iniciado o período chuvoso”, alerta o documento.
A decisão foi tomada depois que a UFOPA recebeu da Procuradoria da República no município de Santarém solicitação para realizar “estudo de impacto socioambiental em relação ao empreendimento Buriti Imóveis, na Rodovia Fernando Guilhon”. O documento pede que seja dado destaque para a análise do solo, na área dos igarapés que banham a área e em demais áreas nas quais “estaria havendo a retirada de água por parte da empresa”.
O reitor da UFOPA criou, por meio da Portaria nº 1.484/2012, o Grupo de Trabalho para a realização do estudo solicitado pelo MPF/Santarém. Presidido pelo vice-reitor, Clodoaldo dos Santos, que é doutor em Ciências do Solo, o GT tem 45 dias, a contar da data de 19 de dezembro, para entregar o estudo.
De acordo com o a Resolução nº 266, de 3 de agosto de 2000, do Conselho Nacional de Meio Ambiente, Jardim Botânico é “área protegida, constituída, no seu todo ou em parte, por coleções de plantas vivas cientificamente reconhecidas, organizadas, documentadas e identificadas, com a finalidade de estudo, pesquisa e documentação do patrimônio florístico do país, acessível ao público em todo ou em parte, servindo à educação, à cultura, ao lazer e à conservação do meio ambiente”.
Para Seixas Lourenço, “um grande Jardim Botânico, às margens do Rio Tapajós, abrigando espécimes representativos das áreas endêmicas e sob risco da flora regional configura-se como um polo de atração de visitantes e de interesse turístico”.
(Lenne Santos – Comunicação)
21/12/2012