Congresso aborda diversidade do falar amazônico
As pesquisas que abordam as diversas formas que constituem o falar amazônico foram apresentadas no III Congresso de Língua Portuguesa, evento bianual promovido pelo Grupo de Estudos Linguísticos do Oeste do Pará (GELOPA), coordenado pela Profa. Dra. Ediene Pena Ferreira e vinculado à Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
Durante três dias, no Auditório Wilson Fonseca, no Campus Rondon da UFOPA, em Santarém, mais de 300 pessoas participaram de minicursos e mesas-redondas que exploraram a oralidade, a pesquisa e o ensino da língua portuguesa. O Prof. Dr. Ataliba Castilho (USP) proferiu a conferência de abertura, cujo tema foi “Ensino do português brasileiro e o falar local”. “O Prof. Ataliba trouxe este tema; ele veio falar sobre o ensino da língua portuguesa e o falar local, mostrando uma nova perspectiva de você ensinar a língua portuguesa, considerando o que o seu aluno traz. Ele propôs, por exemplo, trabalhar pela conversação, iniciar pela conversação para depois chegar à língua escrita. E hoje, o que percebemos é que há o caminho inverso, o professor começa com a escrita e não valoriza a oralidade do aluno”, destaca a Prof. Ediene Pena Ferreira, coordenadora do evento.
Linguagem é identidade
As variações linguísticas existentes nos estados do Pará e Amazonas também foram abordadas durante o congresso. As professoras Marilúcia de Oliveira (UFPA) – na foto acima – e Sandra Campos (UFAM) apresentaram os resultados de pesquisas, a partir das quais é possível traçar uma linha imaginária, demarcando em um mapa a divisão destes falares. “Com a vinda de pessoas de outras regiões, percebemos a influência, a modificação em nossa pronúncia, o que mostra de fato que linguagem é identidade. Eu me identifico com aquele grupo ao qual eu pertenço. E quando há grupos diferentes convivendo, é natural que um grupo influencie o outro em seu modo de falar” – explica assim a Prof. Ediene Pena Ferreira as causas das variações linguísticas na região amazônica.
Ainda de acordo com a coordenadora do evento, a contribuição maior do congresso é a possibilidade de repensar a prática em sala de aula. “Como, de que forma agora, com essas contribuições obtidas neste congresso, eu posso melhorar o ensino da língua portuguesa na região? O que fica é, exatamente, o resultado desta reflexão, além, é claro, do incentivo à pesquisa. Eu tenho certeza que, depois de todas essas discussões, nossos alunos de Letras irão se dedicar mais às pesquisas do nosso falar”, avalia Ediene Ferreira.
Talita Baena – Comunicação/UFOPA
28/5/2012