Pesquisador do INPA enfatiza interação entre pesquisa e educação na Amazônia
A interface entre a pesquisa científica e a educação na Amazônia foi o tema de palestra no II Seminário de Pós-Graduação, proferida pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), prof. Dr. William Magnusson. A palestra, que aconteceu nesta quinta-feira, dia 8, abriu a programação do seminário de pós-graduação, evento que acontece paralelo à I Jornada Acadêmica da UFOPA. Magnusson, que é pesquisador no âmbito da biodiversidade e nos trabalhos junto ao INPA, participou no processo de criação da APA Alter do Chão.
Na palestra, Magnusson enfatizou a importância de planejar o envolvimento de todos os níveis educacionais no processo de produção da pesquisa científica. “Para melhorar a pesquisa, é preciso o envolvimento da educação em todos os níveis; isto quer dizer, envolver os alunos de graduação e pós-graduação, que fazem a maior parte das pesquisas, mas também é preciso envolver a população local. Ela precisa ser capacitada para ter um papel digno nesse trabalho. Também é preciso envolver os alunos do ensino fundamental e médio”, destaca o pesquisador.
Segundo o pesquisador, para que haja esse envolvimento, é preciso pensar no treinamento, na capacitação dos alunos e da população. “Não estamos produzindo só ciência. Estamos produzindo informações que serão úteis para a população de um modo geral. Dessa forma, precisamos pensar nos usuários e em órgãos como o Ibama, o ICMBio, a Embrapa, o Incra, que fazem o planejamento da terra”, exemplifica.
Tratamento dos dados
A questão da padronização dos dados de pesquisa e a utilização de software livres para análise de dados, como o Project R, foram alguns dos aspectos abordado pelo pesquisador. “Precisamos treinar os alunos para produzir dados adequados para os futuros usuários da informação. Para isso, é preciso padronizar a coleta desses dados. Não é só produzir dados para serem engavetados. Precisamos disponibilizar esses dados em formatos aos quais outros usuários poderão ter acesso e utilizá-los”, disse.
Na avaliação do pesquisador, dentro desse processo de interface entre pesquisa científica e educação, a UFOPA assume papel estratégico nos estudos a logo prazo. “Basicamente, a pesquisa sobre a região amazônica até agora foi concentrada em Manaus ou Belém. Nos estudos a logo prazo sempre foi problemático por haver a necessidade de expedições para se chegar ao centro da região amazônica. Eles nunca mostraram todo o seu potencial. Agora, a UFOPA, por estar sediada no meio da Amazônia, poderia fazer estudos a logo prazo, para nós entendermos os processos que acontecem aqui na região. Esses estudos teriam destaque mundial, mas, para isso, é preciso ter planejamento. Não é suficiente ter professores, dinheiro e alunos. É preciso muito planejamento”, recomenda Magnusson.
Talita Baena – Comunicação/UFOPA
8/11/2012