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Iniciadas as atividades do primeiro doutorado da região

Iniciadas as atividades do primeiro doutorado da região

Alunos e professores do curso de doutorado SND e o convidado do IPAM, Dr. Daniel Nepstad.

Ocorreu ontem, 19, a aula inaugural do primeiro curso de doutorado da região, o Programa de Pós-graduação Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND) da UFOPA, em Santarém. O evento, ocorrido no Auditório do Campus Tapajós, teve a participação de doutorandos da primeira turma, professores permanentes e colaboradores do curso, pró-reitores da UFOPA, convidados de outras instituições e comunidade acadêmica.

O pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação Tecnológica (PROPPIT), Prof. Dr. Marcos Ximenes, proferiu o discurso de abertura do doutorado, que, para ele, representa um momento histórico para a universidade. Segundo o professor, os programas de pós-graduação estimulados pela UFOPA estão alinhados às políticas nacionais para a área, que têm como uma de suas preocupações o desequilíbrio nacional. “A pós-graduação está concentrada no Sul e no Sudeste do Brasil. Criar programas de pós-graduação na região significa um passo muito forte na política nacional”. Ele citou, ainda, como elementos importantes a formação de recursos humanos para atender à demanda dos grandes programas do país, desenvolvendo políticas públicas em diversos setores, e para a atividade produtiva, tornando o país mais competitivo.

Professor associado da UFOPA, o Dr. David McGrath faz parte do quadro de docentes do doutorado. Sua intenção é trazer a experiência da abordagem interdisciplinar que ajudou a desenvolver no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA). “Vim aqui com a expectativa de adaptar aquele modelo à realidade desta região, onde trabalho há 20 anos com vários tipos de iniciativas. Eu vejo o doutorado como uma oportunidade de trazer essas experiências para a sala de aula, e da sala de aula, com os projetos dos alunos, contribuir para o desenvolvimento sustentável da região”, disse. Segundo ele, uma das diferenças fundamentais é que o NAEA tem foco na Bacia Amazônica, enquanto na UFOPA o enfoque será na Bacia do Tapajós, no Oeste do Pará, dentro do contexto da Amazônia e do Brasil.

Aluno do curso, Wilderclay Machado explica que a interdisciplinaridade foi o que lhe despertou o interesse no doutorado. “Esse é um grande desafio para todos os professores e pesquisadores. Eu, como físico, quero tentar aplicar meu conhecimento em Física e em Física da atmosfera para contribuir mais para o combate aos problemas da região. Vou pesquisar outros ramos, como História, Antropologia e Sociologia, e quero integrar os conhecimentos nas várias áreas para tentar chegar a um conceito bem amplo”, disse ele, que é mestre em Ciências Ambientais.

Desmatamento e mudanças climáticas

A aula inaugural teve como tema “Amazônia rumo ao desenvolvimento sustentável” e foi ministrada pelo Dr. Daniel Nepstad, diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM/Internacional – e coordenador do projeto de pesquisa “Cenários amazônicos: modelando as interações entre o uso da terra, fogo e clima”. Para Nepstad, a Amazônia está cada vez mais globalizada e a pergunta-chave é: “como chegar à sustentabilidade nesse novo contexto?”. Ele destacou que o Brasil obteve uma conquista histórica com a redução do desmatamento nos últimos anos, mesmo com o aumento na produção de rebanhos, soja e outros produtos. A taxa caiu 76% na Amazônia brasileira, número que, para o especialista, “representa o caminho para o desenvolvimento sustentável, mais do que qualquer outro índice”.

Por outro lado, pesquisas apontam impactos preocupantes das mudanças climáticas na Amazônia. “Nas próximas décadas, os impactos principais devem ser eventos extremos: grandes secas, grandes enchentes e períodos de altíssimo calor e frentes frias. A região do Baixo Amazonas é o olho do furacão, é onde mais se sente o efeito El Niño, por exemplo. A longo prazo, aí sim, o clima vai mudar, com aumento generalizado da temperatura”. O pesquisador explica que os incêndios florestais deverão ser cada vez mais comuns, levando a um ciclo com grandes impactos socioambientais. Além do combate ao fogo e a manutenção da redução do desmatamento, ele aponta o aumento de incentivos positivos, a eficiência e o investimentos em instituições governamentais que atuam na região como caminhos para o novo modelo de desenvolvimento.

Jussara Kishi – Comunicação/UFOPA

20/2/2013