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“Ser mundurucu é ter ancestralidade”

“Ser mundurucu é ter ancestralidade”

Daniel Munduruku - Foto: Edvaldo Pereira/Maria Lúcia Morais

“Ser mundurucu é ter ancestralidade”, afirmou o professor e escritor Daniel Munduruku, durante sua palestra sobre “Os desafios e perspectivas dos indígenas no ensino superior”, realizada na noite de ontem, 12 de agosto, em evento promovido pela Diretoria de Ações Afirmativas da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em Santarém (PA).

O que me faz mundurucu é o fato de me manter ligado à raiz dos ancestrais. É saber de onde eu vim. Isso é o fundamental”, explicou o escritor, que possui 45 livros publicados, em sua maioria sobre a temática indígena, como Histórias de Índio, Mundurukando e O Caráter Educativo do Movimento Indígena Brasileiro (1970-1990).

Daniel também participou, na tarde de ontem, do evento “Diálogos Indígenas”, que reuniu estudantes indígenas e não indígenas da UFOPA, no Auditório Wilson Fonseca, Câmpus Rondon. “Achei muito positivos os dois encontros, pela participação do público, que se integrou na conversa. Eu me sinto muito contemplado quando percebo que não se tratou de um discurso, ou politicamente correto, ou academicamente correto. As pessoas simplesmente vieram e vivenciaram o momento e quando isso ocorre as pessoas passam a fazer parte desse universo indígena”.

Durante os dois encontros, Daniel Munduruku fez uma reflexão sobre os fatores ideológicos e culturais que dificultam a permanência dos alunos indígenas nas universidades brasileiras. “O mundo para o indígena é circular, o conhecimento é holístico, não é quadrado, dividido em caixas, como na cidade. Não é a toa que os indígenas não se adequam facilmente fora das aldeias. Muitas vezes há incompatibilidade entre esses dois mundos”, explicou.

Daniel Munduruku falou ainda sobre o papel da escola no processo de estereotipia dos povos indígenas, criando, muitas vezes, uma imagem negativa e preconceituosa dessas populações. Ele criticou o uso generalizado do termo “índio” para denominar povos com diferentes culturas. “É um equívoco muito comum que acontece nas escolas quando se fala de 'índio'. É uma sequência de equívocos que ocorre há 500 anos. Está na hora de darmos uma invertida nessa palavra”.

Serviço: Nesta quarta e quinta-feira, dias 13 e 14 de agosto, Daniel Munduruku também participa do Encontro de Formação em Literatura e Cultura Indígena, evento promovido pelo Grupo de Estudos, Pesquisa e Intervenção em Literatura Infantil na Escola (LELIT) da UFOPA e pelo Pacto Nacional pela Idade Certa (PNAIC/Oeste do Pará).

Maria Lúcia Morais – Comunicação/UFOPA

13/8/2014

 

 

Prof. Florêncio Vaz Filho, Prof. Raimundo Valdomiro de Sousa, Daniel Munduruku e alunos da UFOPA - Foto: Edvaldo Pareira e Maria Lúcia Morais, 12/8/2014