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Encontro de História: conflito na Raposa Serra do Sol é tema de conferência

Encontro de História: conflito na Raposa Serra do Sol é tema de conferência

Pesquisador Jaci Vieira durante I Encontro de História do Baixo Amazonas.

O historiador Jaci Vieira, autor do livro Missionários, Fazendeiros e Índios: a disputa pela terra, publicado pela editora da Universidade Federal de Roraima (UFRR), proferiu, nesta quarta-feira, 3, a conferência de abertura do I Encontro Nacional de História do Baixo Amazonas. Os aspectos históricos da disputa pela terra e pela homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol foram abordados pelo historiador aos estudantes e docentes do curso de História da UFOPA.

Jaci Vieira argumenta que a atuação dos povos indígenas na homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol foi construída dentro da ditadura militar, e teve forte presença de um grupo da Igreja Católica. “No meu entendimento, a Igreja Católica teve um papel fundamental na construção de um projeto político capaz de fazer reuniões, assembleias, reivindicar as terras dos povos indígenas em Roraima”, comenta.

A histórica violação de direitos dos indígenas e as consequências do discurso militar de que a região Amazônica era um grande vazio demográfico também foi comentado pelo pesquisador. “Tem-se uma violência construída desde o período colonial. Essa é uma região que foi ocupada no século XVIII, pois não há estradas pra lá. E a partir dos anos 70 do século XX, tem-se esse conflito mais intenso com a construção da BR-174, que liga Boa Vista a Caracas, Boa Vista a Manaus. A partir daí, intensifica-se uma migração mais forte. E o projeto da ditadura militar foi um projeto de trazer imigrantes para ocupar o que eles chamaram de espaços vazios. No fundo não tinha espaço vazio coisa nenhuma, os índios já estavam lá desde o século XVI, XVII, conforme os relatórios dos viajantes. Com isso, você tem uma intensa ocupação das áreas indígenas, principalmente de gado e pecuária, expulsando os índios em direção às serras, para as regiões de fronteiras do Norte do Brasil”, explicou Jaci Vieira, dizendo ainda: “Essa luta durou cerca de 40 anos, com reuniões, manifestações, mortes, prisões, estupros e espancamentos. Isso foi até 1996, quando foi homologada em área contínua, que depois foi contestada no Supremo Tribunal Federal, e em 2010 o ministro Ayres Brito decreta a definitiva homologação da área”.

Para o pesquisador, a permanência de conflitos em terras indígenas em pleno século XXI se deve ao fato de essas terras ainda serem preservadas, e com riquezas naturais. “As partes mais afetadas pelo capitalismo, que vem se retransformando o tempo todo, são, no fundo, os mais empobrecidos, e nos séculos XX e XXI, todos os grandes projetos irão se instalar justamente nessas áreas que ainda estão preservadas”, conclui.

Abertura

O vice-reitor, Anselmo Colares; a diretora do Instituto de Ciências da Sociedade (ICED), Cleise Abreu; a coordenadora de Gestão do PIBID, Aldenize Xavier; e a professora de História da UFOPA, Vanice Melo, fizeram a abertura oficial do evento, destacando a importância e o desafio da realização do I Encontro de História do Baixo Amazonas. “Esse é um momento importante para a identidade do curso de História”, defendeu o vice-reitor Anselmo Colares.

Serviço: a programação do I Encontro de História do Baixo Amazonas vai até sexta-feira, dia 5, no auditório HA1 do Câmpus Amazônia. Confira aqui a programação.

Talita Baena – Comunicação UFOPA

4/12/2014