Escola unitária: o futuro defendido pelo educador Dermeval Saviani

O pesquisador emérito falou na abertura do II Seminário de Teses do DINTER, na UFOPA

O modelo educacional atual precisa ser transformado para outro em que se compreenda o contexto das contradições produzidas pelo capitalismo. Essa ideia é defendida pelo Dr. Dermeval Saviani, professor emérito da Unicamp e pesquisador emérito do CNPq. No dia 22 de outubro, ele proferiu a conferência de abertura, “A educação é a escola do século XXI”, do II Seminário de Teses: Políticas, Práticas Docentes, História e Filosofia da Educação, promovido pelo Doutorado Interinstitucional em Educação (DINTER/UFOPA/Unicamp), que seguiu até o dia 24 na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).

Formação de professores – O DINTER visa à formação de professores do nível superior que atuam na UFOPA. No evento, dez professores apresentaram as pesquisas de doutorado para avaliadores da instituição e da Unicamp. A reitora Raimunda Monteiro destacou a importância do programa para a melhoria da educação no Oeste do Pará, uma das regiões que mais sofrem com dificuldades de acesso na Amazônia.

“Fazemos parte de uma Amazônia Continental, o que nos traz uma responsabilidade nessas reflexões e nesse esforço de sistematização teórica, que possam repercutir nos rumos do desenvolvimento da região”, declarou a reitora.

Também estiveram presentes na mesa de abertura o vice-reitor, Anselmo Colares; o diretor de pós-graduação, Manoel Santos; a coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação da Unicamp, Mara Regina Jacomeli; a coordenadora do Mestrado em Educação da UFOPA, Tania Brasileiro; o coordenador de Educação do DINTER/UNICAMP, José Claudinei Lombardi; a coordenadora do DINTER/UFOPA, Lília Colares; e o doutorando Dércio Duarte.

Futuro da escola – De acordo com Saviani, dois futuros possíveis podem ser delineados para este século. No primeiro, previsível e indesejado, a escola atenderia aos interesses da classe dominante e a educação seria vista como objeto de investimento capitalista. É o modelo manifesto nas políticas educacionais e nas ideias pedagógicas representadas pelo neoprodutivismo e variantes que, em verdade, distorcem a função social da escola.

“A primeira possibilidade aspira perpetuar essa forma social, mas objetivamente apenas conseguirá assegurar-lhe alguma sobrevida, já que está ficando cada dia mais evidente que o capitalismo gera problemas que não é capaz de resolver”, afirmou o professor.

No segundo futuro, apresenta a escola unitária como uma forma de resistência ao primeiro. Neste, o trabalho seria o princípio educativo em todos os níveis escolares. Segundo Saviani, “a organização curricular dos vários níveis elementares de ensino da escola unitária deverá tomar como referência a forma de organização da sociedade atual, assegurando sua plena compreensão por parte de todos os educandos”.

Desafios – “A produção do final do século XXI é destrutiva. Não só no sentido de que destrói o material que ela utiliza, mas no sentido de que ela vive da destruição. O que é destruído, pode ser reconstruído sobre a base dessas mesmas gerações de produção”, afirmou Saviani.

Para o filósofo, é necessário operar uma transformação na formação, passando-se a articular as ciências humanas e naturais, mas tendo uma cultura humanística como base. “O papel da escola nesse contexto é possibilitar, junto da população, o acesso aos conhecimentos que permitem compreender essas contradições e atuar sobre elas”.

Assim, será possível que a humanidade caminhe para outro momento histórico, que Saviani chama de “Reino da Liberdade”, em que as contradições próprias do sistema capitalista seriam superadas.

Luena Barros – Comunicação/UFOPA

27/10/2014

Presença de representantes da UFOPA e Unicamp na abertura do evento.

A abertura do II Seminário de Teses do Dinter contou com a presença de grande público - Fotos: Luena Barros.