Seminário discute a formação de professores de Língua e Literatura

Começou ontem, 21 de outubro, em Santarém (PA), o I Seminário de Metodologia de Ensino de Língua e Literatura (Semell), evento promovido pelo Programa de Letras, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em parceria com o Programa Novos Talentos e com o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Em sua primeira edição, o Semell tem como objetivo promover um amplo debate acerca da formação do professor de língua e literatura, a partir das exigências das práticas sociais no século XXI.

Realizada no Auditório do Câmpus Tapajós, a solenidade de abertura do evento contou com a participação dos professores Heliud Luis Maia Moura, presidente da Comissão Organizadora do I Semell; Edilan Santana Quaresma, vice-diretor do Instituto de Ciências da Educação (ICED); Leonel Mota, coordenador do Programa de Letras; e Luiz Percival Leme Britto, representando a pró-reitora de Ensino de Graduação (PROEN).

A professora Anna Christina Bentes, do Departamento de Linguística da Unicamp, ministrou a conferência de abertura, intitulada “Políticas de Formação do Professor de Língua Materna”, na qual fez uma reflexão sobre a relação de incomunicabilidade existente entre a universidade e a Educação Básica, a partir de questões ainda hoje consideradas “tabus” no magistério, como a imagem negativa dos professores, historicamente presente na memória das pessoas. “As licenciaturas são os primos pobres das universidades. Devemos ser todos cientistas e não professores”.

Segundo Anna Christina Bentes, além da imagens negativas historicamente assentadas na figura do professor em geral, “uma das questões centrais que está na base da grande distância existente entre os professores da escola básica e dos professores universitários, reside no fato de que o professor universitário consegue se desvincular da imagem de pedagogo, daquele que se centra no processo de ensino-aprendizagem, e assim produz a imagem de um profissional mais objetivo, que se recusa a influenciar o seu aluno, a persuadi-lo e, de certa forma, de ensiná-lo”.

Ela afirmou ainda que a profissionalização do professor e a constante avaliação do seu trabalho são dois importantes aspectos para a melhoria da educação no país. “Minha experiência com os cursos de formação é a de nós, professores, levarmos muito tempo para nos convencermos de que nossas práticas pedagógicas precisam estar sob constante avaliação”, afirmou. “Essa é uma outra questão tabu no magistério, e se não avançarmos em relação a ela, jamais teremos uma escola ou uma educação de mais qualidade no Brasil”.

Literatura – Após a conferência de abertura, o professor Edivaldo da Silva Bernardo, da UFOPA, ministrou a palestra “Literatura e formação humana: confluências interdisciplinares”, na qual destacou o papel da literatura como um dos objetos de conhecimento fundamentais para o processo de formação humana. “A arte literária influencia os nossos olhares de mundo”, afirmou.

Segundo o professor da UFOPA, a literatura tem a capacidade de atender a nossa necessidade de ficção e de fantasia, além de grande potencial para oferecer ao homem um conhecimento profundo do mundo, como faz a ciência, por outro caminho. “Ela desenvolve em nós a quota de humanidade, na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade e o semelhante”.

Programação – O I Seminário de Metodologia de Ensino de Língua e Literatura prossegue até quinta-feira, 23 de outubro, com minicursos, pela manhã, no Câmpus Rondon; e mesas-redondas, à tarde, no Auditório do Câmpus Tapajós. Intitulada “A formação do professor de língua portuguesa em Portugal”, a conferência de encerramento, que será ministrada pelos professores José Joaquim Dias Marques e Alexandra de Brito Mariano, da Universidade do Algarve (UALg), de Portugal, ocorrerá a partir das 19 horas, no Auditório do Câmpus Tapajós.

Maria Lúcia Morais - Comunicação/UFOPA

22/10/2014

Prof. Edivaldo Bernardo

Profa. Anna Christina Bentes

Fotos: Maria Lúcia Morais