Formação superior melhora produção nos assentamentos da reforma agrária
Prof. Fernando Silveira, coordenador do curso de Agroecologia da UFSCAR, em São Carlos-SP. Foto: Talita Baena.
A afirmação é do Prof. Dr. Fernando Silveira, coordenador do curso de Agroecologia da da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e ocorreu durante o I Seminário de Educação no Campo da UFOPA, realizado em parceria com o Incra, em palestra realizada na manhã da última sexta-feira, dia 26.
Segundo o professor, um dos aspectos mais importantes de um curso superior nesses moldes é a oportunidade, que os assentados tiveram, de fazer um curso superior. “Eles puderam se capacitar para depois poder levar os conhecimentos para os assentamentos, para poder desenvolvê-los, ajudando na produção, principalmente”, avalia Silveira.
Ainda segundo ele, os resultados positivos vieram antes mesmo antes do término do estudo. “Antes de terminar o curso, foi possível perceber os resultados positivos. Foi possível ver a evolução desses estudantes, como eles chegaram e como eles estão saindo, em termos de formação profissional. Muitos já estão trabalhando como estagiários em prefeituras, em outros órgãos do governo, na Embrapa. Eles também tiveram a oportunidade, enquanto estudantes, de fazer outras coisas como bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET). Um deles foi para a Itália por meio do Programa Ciência sem Fronteiras, e outros estão trabalhando dentro dos assentamentos, em projetos de prefeituras, portando-se como profissionais”, comenta.
Contribuição na merenda escolar
Outro exemplo da melhoria que o ensino superior proporcionou nos assentamentos da reforma agrária, em São Carlos, SP, é a certificação participativa de orgânicos, que alguns trabalhadores rurais, capacitados por esses estudantes, conseguiram junto ao Ministério da Agricultura. “Dois grupos, organizados pelos estudantes, conseguiram entrar no processo, após a capacitação que foi feita com eles, e hoje eles estão com os certificados, vendendo como produtores orgânicos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que faz a venda direta para a merenda escolar”, conta o coordenador do curso, explicando que o diferencial é o foco na agroecologia.
“Quando nós falamos de agroecologia, nós buscamos uma agricultura que tenha esse olhar mais social e ambiental do local onde está se buscando essa agricultura. Então, todas as disciplinas do curso de Agronomia, voltada para a agroecologia, elas tem o foco em não produzir com agrotóxicos, veneno, adubos químicos, tudo é voltado para uma produção ecológica sustentável. Outro componente forte é a oferta de disciplinas das áreas de humanas, o que normalmente não possui”, conclui.
Talita Baena – Comunicação/UFOPA
29/9/2014