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Práticas de educação do campo são discutidas em seminário

Práticas de educação do campo são discutidas em seminário

Foto: Luena Barros

As experiências do Pará serviram de base para discutir o planejamento de ações nessa área pela UFOPA e Incra

Expectativas e experiências em relação à educação do campo no Pará foram apresentadas por representantes de movimentos sociais e professores na mesa-redonda “Experiência Regional do Pronera”, como parte da programação do I Seminário de Educação do Campo no Oeste do Pará, no dia 26 de setembro de 2014 no Auditório Tapajós. A pró-reitora de Ensino de Graduação (PROEN), Fátima Lima, coordenou a mesa, com a presença da professora Daniele Wagner (UFOPA), da educadora Lúcia Santana (Museu Paraense Emílio Goeldi) e dos líderes de movimentos sociais Gerdeonor Pereira (Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho) e João Gomes (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alenquer).

A iniciativa da UFOPA em parceria com o Incra teve como objetivo discutir o planejamento de políticas de educação para atender os assentamentos de reforma agrária. “O que nós, enquanto Universidade, podemos fazer para atender os anseios das comunidades? Esse é o ponto-chave para que possamos direcionar, enquanto pró-reitoria de Ensino, uma política de educação do campo para a UFOPA, independente das políticas ou programas nacionais”, afirmou a pró-reitora.

Demandas – O presidente do STTR Alenquer, João Gomes, falou sobre a necessidade de cerca de 300 jovens, de 14 projetos de assentamento, em ingressar no ensino superior. Além disso, salientou que atualmente, além dos 5.000 produtores rurais sindicalizados de Alenquer, outras 2.500 famílias, que vivem em 25 acampamentos, ainda não foram cadastradas pelo Incra e, portanto, estariam fora de qualquer ação do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária. “É uma situação muito difícil, mas que não é impossível. Eu acredito que quem está aqui é porque realmente tem a sensibilidade e reconhece que é necessário melhorar a educação”, destacou.

Em Juruti Velho, o presidente da Acorjuve, Gerdeonor Pereira, afirma que mais de 500 pessoas de 50 comunidades terminaram o ensino médio, não têm condições de estudar fora e lutam pelo direito ao ensino superior. “A importância do Pronera pro nosso assentamento é muito grande. Nós queremos que nossos jovens e nossos adultos tenham educação mais elevada. Quando se tem conhecimento, você cobra. Quando se tem conhecimento, tem poder”, declarou Gerdeonor.

Em novembro, os assentados de Juruti Velho terão a oportunidade de cursar a graduação em Pegagogia da Terra, a ser implantada pela UFOPA em parceira com o Pronera.

Experiências – A educadora do Museu Goeldi, Lúcia Santana, propôs questões para a reflexão sobre a educação em espaços culturais, propondo metodologias participativas e inclusivas: “É preciso discutir o instrumento educativo por um projeto político-pedagógico, não somente a partir das escolas, mas das instituições culturais”. Na ocasião, apresentou algumas experiências de educação não formal em várias linhas – educação em ciência, patrimonial, ambiental e do campo –, que podem contribuir para a discussão de linguagens, metodologias e formações da educação formal.

A agrônoma Daniele Wagner, do Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF), relatou sua experiência como educadora no Curso Técnico em Agropecuária com ênfase em Agroecologia na região da Transamazônica do Pará, em 2005, realizado pela Universidade Federal do Pará. Baseado em uma abordagem sistêmica e interdisciplinar, o curso formou 80 alunos buscando integrar o conhecimento acadêmico à prática dos agricultores. Para isso, utilizou-se a pedagogia da alternância, dividindo o aprendizado em dois tempos: o tempo-escola, num regime de internato por 20 dias na escola, e o tempo-comunidade, com duração de 40 dias, em que os alunos poderiam exercitar junto à comunidade o que aprenderam.

Os alunos participavam ativamente de seminários e avaliações do curso, o que exigia uma reformulação constante para melhor atender às demandas. A atual professora da UFOPA afirma que essa experiência foi também um aprendizado para ela: “Hoje eu vejo que os princípios da educação do campo deveriam permear todas as instituições de ensino. Ser professor não necessariamente significa ser educador. E hoje o que precisamos é de educadores”, concluiu.

Luena Barros – Comunicação/UFOPA

29/9/2014