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Câmpus de Oriximiná comemora dez anos e apresenta balanço de atividades

Câmpus de Oriximiná comemora dez anos e apresenta balanço de atividades

Foto: Lenne Santos.

A direção do Câmpus da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) em Oriximiná realizou na sexta-feira, 24 de abril, audiência pública na Câmara Municipal com o objetivo de apresentar o relatório sintético de atividades desenvolvidas durante o período de 2005 a 2013.

Na ocasião também foi apresentado o perfil do primeiro curso presencial instalado no município: Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Biológicas e Conservação. Outro assunto da pauta foi a apresentação da proposta de novos cursos presenciais de graduação, além da explanação de resultados de pesquisas científicas realizadas por alunos de graduação e pós-graduação no município e projetos desenvolvidos no âmbito das escolas estaduais.

O diretor do Câmpus de Oriximiná, professor Domingos Diniz, fez um balanço sintético do relatório das atividades desenvolvidas no período de 2005 a 2013 em Oriximiná. O relatório de 23 páginas apresenta dados como, por exemplo, a formação de 12 turmas em oito anos. Em 2009 o câmpus chegou a atender 900 alunos.

O diretor informou ainda que a universidade deve priorizar cursos presenciais que tenham relação direta com o perfil socioeconômico da região, como é o caso de engenharia química e engenharia de alimentos. “São cursos novos e inovadores que estão em sintonia para trabalhar a floresta em pé. O município de Oriximiná tem 94% do seu território em unidade de conservação e reservas florestais; portanto, por lei nós não podemos derrubar a floresta. O que a Universidade pode fazer é encontrar saídas no sentido de pesquisar a floresta e verificar opções de desenvolvimento sustentável e garantir a permanência, nessas unidades de conservação, das comunidades tradicionais que ali vivem”.

O coordenador completou ainda que “o perfil desses cursos apresenta também a possibilidade de agregar valor às cadeias produtivas que já estão trabalhando aqui. A principal delas é a da castanha-do-pará, que ainda tem processo de produção antigo. A perda ainda é de 30% por causa da contaminação por fungos e toxinas, porque não há tecnologia. O curso de engenharia de alimentos ou engenharia química poderia vir a desenvolver essas tecnologias para termos um aproveitamento melhor e agregar valor a essa cadeia produtiva”.

Edmilson Pinheiro, 35, aluno do Bacharelado Interdisciplinar em Biologia da Conservação, é um dos que defendem o curso de engenharia de alimentos “Nós temos uma biodiversidade muito grande, com grande variedade de sementes que poderiam ser melhor aproveitadas a partir de um curso de engenharia de alimentos, o que beneficiaria não só a cidade de Oriximiná, mas toda a região”.

A professora Eldra Carvalho da Silva apresentou o Programa de Ação Interdisciplinar (PAI), de iniciação científica mirim e juvenil, que desenvolve pesquisas no município a fim de partilhar o conhecimento, além de contribuir com a divulgação científica e práticas de extensão, o que se dá por meio de várias ações para a comunidade local no sentido de aproximar universidade comunidade escolar, já nas séries iniciais.

A turismóloga Elcivânia Barreto, 31, esteve na audiência pública e defendeu a realização, pela Universidade, de uma feira vocacional para orientar os alunos do ensino médio a escolher de forma mais segura o curso universitário que vão cursar. “Quando escolhe um curso, o aluno muita vezes não tem a menor ideia de qual é a grade, para que servirá, enfim”.

O estudante de ensino médio Marcelo Caxias da Silva, 17, demonstrou sua preocupação com os jovens que vivem no município. “Quando um adolescente termina o ensino médio em Oriximiná, o único futuro que tem aqui é virar mototáxi, isso quando ele tem condições financeiras para comprar uma moto. Sabemos que temos um potencial para ter muitas indústrias de verdade aqui, não essas de extração que eles chamam de indústria”.

O prefeito de Oriximiná, Luiz Gonzaga Viana Filho, fez questão de participar da audiência pública especial e ressaltou a parceria entre Ufopa e Oriximiná nesses dez anos de atuação do núcleo da universidade, principalmente no que se refere à formação de professores. “A Ufopa tem-nos ajudado a formar nossos professores da rede municipal, cerca de 60% deles já cursaram o ensino superior”. O prefeito elogiou ainda a iniciativa da Ufopa de trazer novos cursos para o município, o que, segundo ele, “vai contribuir com o desenvolvimento da cadeia produtiva local”.

O presidente da Câmara Municipal de Oriximiná, Raimundo Tomé de Oliveira Wanzeler, parabenizou a iniciativa de repassar à população as atividades realizadas e também aquelas que a universidade venha a executar no município, e avaliou como positiva a aproximação de universidade e poder público. “As audiências públicas são importantes também para que possamos escutar os anseios dos munícipes”.

Por último, os mestrandos Miguel Ângelo Canto e Nelson José da Costa Feijão, que são do PAI, apresentaram dados preliminares sobre a pesquisa que realizam no mestrado, cujo objetivo é “avaliar os efeitos da nutrição compensatória com polpa de camucamu na resposta adaptativa do tambaqui submetido à elevação de temperatura ambiente”. O orientador, professor Domingos Diniz, sentenciou: “Os resultados são preliminares, mas essa pesquisa poderá revolucionar o cultivo de tambaqui no Brasil”.

Lenne Santos – Comunicação/UFOPA

28/4/2015