Maior Torre de pesquisa do mundo atenderá projetos científicos da Ufopa
Com 325 metros de altura, a Torre Alta permitirá analisar mudanças e modelos climáticos na floresta Amazônica. Foto: Karen Santos.
No dia 22 de agosto de 2015, no meio da densa floresta Amazônica, foi inaugurada a Torre Alta do ATTO (Amazon Tall Tower Observatory – Observatório da Torre Alta da Amazônia), com a participação do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo; do ministro da Embaixada da Alemanha no Brasil, Claudius Fischbach; do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (Inpa), Luiz Renato de França; do coordenador brasileiro do projeto, Antonio Manzi; e do coordenador alemão do projeto, Jürgen Kesselmeier. No dia 21 aconteceu no auditório do Inpa a cerimônia de apresentação do Projeto ATTO.
Com instrumentação para funcionar 24 horas por dia durante 30 anos e com 325 metros de altura, essa é a torre de pesquisa mais alta do mundo, concentrando altos níveis de detalhamento de dados climáticos do planeta. Hoje há quatro linhas de pesquisas que serão desenvolvidas no Observatório da Torre: química da atmosfera, física das nuvens, processos de transporte de matéria e energia entre a biosfera e a atmosfera e monitoramento dos efeitos das mudanças globais nas florestas em terra firme em longo prazo.
Localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, no município de São Sebastião do Uatumã, a aproximadamente 350 km da cidade de Manaus, do estado do Amazonas, a Torre é a maior plataforma para a medição climática e de gases de efeito estufa do mundo. A amplitude e frequência de coleta de dados vai permitir a produção de informações confiáveis e precisas para o planejamento de desenvolvimento sustentável, contribuindo também para as pesquisas científicas das regiões tropicais úmidas.
Um dos grandes questionamentos levantados para objetivar prioritariamente o desenvolvimento do ATTO é observar a influência da Amazônia nos processos de interação biosfera-atmosfera do planeta, bem como das mudanças do clima e como essas mudanças climáticas e essa interação influenciam a Amazônia e outras regiões.
Outras torres de 80 e 50 metros, situadas na mesma região da Estação Científica de Uatumã, já trazem resultados satisfatórios sobre modelos climáticos globais, gerando uma plataforma de treinamento e de ensino na região amazônica para técnicos, estudantes de graduação e pós-graduação de diversos programas nacionais e internacionais. Porém, com o ATTO vai ser possível aprimorar essas pesquisas e realizar novas nas áreas já estudadas, dando aprofundamento aos projetos que estão em andamento, além de ser uma influência para a construção de novas políticas públicas de desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Para o ministro Aldo Rebelo, o Observatório “é uma grande conquista para a ciência. A Torre está na área de floresta tropical contínua maior do planeta. Os dados coletados serão com quase zero de interferência humana. Os pesquisadores terão muito material para analisar quanto o clima do planeta interfere na floresta e como a floresta interage com o clima geral do planeta”.
Instituições Parceiras e o ATTO
O Observatório da Torre Alta da Amazônia faz parte do Projeto de Cooperação Brasil-Alemanha e é gerenciado pelas seguintes instituições: Inpa, Institutos Max Planck de Química e Biogeoquímica e Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Porém, as informações serão compartilhadas com pesquisadores de diversas instituições do Brasil e de outros países. Por ser um grande universo de pesquisa, os dados a ser coletados e os resultados obtidos serão de interesse de muitos pesquisadores nacionais e internacionais.
A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) será umas das universidades parceiras e coexecutora do Observatório. Um exemplo é a pesquisa desenvolvida pelo professor-pesquisador Júlio Tota, que investiga os processos de transporte não turbulentos medidos em torres, os seus mecanismos físicos para entender a dinâmica do escoamento acima e dentro da floresta, bem como, na camada limite atmosférica, as principais variáveis, como velocidade do vento, temperatura do ar e concentração de CO2.
“Esta base de pesquisa será utilizada por 30 anos por esta parceria internacional de instituições de pesquisa e ensino. Além do conhecimento sobre o papel da Amazônia nas mudanças climáticas globais, estaremos formando professores e pesquisadores que influenciarão futuras gerações”, afirmou a reitora da Ufopa, Raimunda Monteiro.
Essas e outras pesquisas da Ufopa ganharão aprimoramento com a Torre Alta, por ela possuir instrumentos com sensores e radares a laser em diferentes alturas para medição do solo (quantidade de água, temperatura, umidade), medição do ar (concentração de gás carbônico, metano, óxido nitroso, ozônio e outros gases), e concentrar estudos do fluxo de vapor d’água e de aerossóis (partículas sólidas e líquidas em suspensão) que são importantes para a formação de nuvens.
Para o pesquisador Tota “a Ufopa é uma instituição coexecutora do Projeto ATTO e tem vários projetos encaminhados junto com a UEA e com o Inpa na área de troca gasosas, dióxido de carbono, trocas de metano e óxido nitroso. Esses gases traços tem importância para o efeito estufa. Então, a ideia é pontificar isso a longo prazo e nos fornecer um fechamento melhor do balanço de carbono aqui na Amazônia e qual o papel dela em especial para o ciclo de carbono que tem um efeito significativo no aquecimento do planeta”.
Assista o vídeo do Observatório da Torre Alta da Amazônia produzido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Veja também o vídeo com a fala do Prof. Dr. Júlio Tota sobre a participação da Ufopa no Projeto ATTO.
Comunicação/Ufopa
25/8/2015
Reitora da Ufopa, Raimunda Monteiro, e o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, na cerimônia de apresentação do Projeto ATTO.
Embaixador da Alemanha no Brasil, Claudius Fischbach, e o ministro Aldo Rebelo na inauguração da Torre Alta.
Torre Alta com 325 metros de altura.
À esquerda professor Júlio Tota, com o Ministro Aldo Rebelo (centro).
Confira mais fotos da apresentação do Projeto ATTO (21/8) e da inauguração da Torre Alta (22/8).