Deformidades, disformidades e conformidades na gestão escolar
Esse foi o tema da palestra da professora Dra. Walterlina Brasil, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), convidada pela Escola de Gestores da Educação Básica e pelos grupos de pesquisa História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR) e Formação de Professores da Amazônia Paraense (Formazon), proferida no último dia 20 na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Sua reflexão propõe que os gestores educacionais avaliem a maneira como veem o mundo, encaram os problemas e atuam nos espaços educacionais.
A coordenadora da Escola de Gestores, Lília Colares, disse que discussões como essa são importantes para o desenvolvimento do próprio grupo de pesquisa, da Universidade e da atuação nas escolas: “Acho esse tema bastante provocativo para que façamos uma avaliação. Será que as minhas pesquisas estão na direção da conformidade? [...] E o trabalho de gestão, será que eu estou me deformando?”.
Walterlina Brasil trabalha com o sentido dos três termos, que, à primeira vista, podem causar confusão. “Deformidade” se refere a “falhas, defeitos, aberrações”; “disformidades”, ainda que comumente possa servir de sinônimo para o primeiro termo, ganha o sentido de “deformidades propositais, feitas com o objetivo de zombar e banalizar algo”; “conformidade” tem o sentido de “aceitação, subjugação”.
Segundo ela, a nossa visão de mundo está impregnada de deformidades, disformidades e conformidades e isso transparece na gestão escolar: “Precisamos ficar muito atentos com as lentes teóricas e os fatos que trazemos à reflexão, porque senão vamos gerar disformidades, banalizando o terror, ou deformidades, explicando questões que não se enquadram em determinada teoria a partir de um horror que está na experiência”.
Brasil afirmou também que a principal conflito no modelo de gestão escolar é a falta de colaboração entre os atores envolvidos: “A gente pode ter várias explicações para o modelo de gestão. Várias explicações para as nossas deformidades e disformidades. Mas a principal é a tensão entre o trabalho coletivo e os interesses individuais”.
Outro ponto abordado pela professora foi a necessidade da academia em solucionar problemas locais e que sejam de interesse do próprio pesquisador, ao invés de estarem apenas em conformidade com o que o orientador ou a própria universidade espera dele.
“Quando trabalhamos com o que amamos, isso nos faz perceber as nossas disformidades, conformidades e deformidades e superar esses conflitos […]. A política de conformidade não cabe na gestão escolar”, concluiu.
Luena Barros – Comunicação/Ufopa
23/2/2015