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UFOPA e USP fazem genotipagem do parasita que transmite a toxoplasmose

UFOPA e USP fazem genotipagem do parasita que transmite a toxoplasmose

No Laboratório de Sanidade Animal da UFOPA. Foto: Lenne Santos

Por que na Amazônia a toxoplasmose pode ser muito mais grave e, em alguns casos, causar risco de morte em pacientes saudáveis? Esta é a questão que move os pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), por meio do Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF), da Universidade de São Paulo (USP) e do Centro Nacional de Referência da Toxoplasmose (CNR) de Limoges, França, que integram o projeto intitulado “Isolamento e caracterização biológica e genotípica de Toxoplasma gondii em animais silvestres e domésticos de diferentes regiões do Brasil e padronização da técnica de microssatélite". O nome do projeto é extenso e à primeira vista parece complicado, mas o objetivo é claro: mapear o DNA do parasita que transmite a toxoplasmose por meio da técnica de marcadores de microssatélite. O professor Daniel Ajzenberg (CNR) esteve na região para fazer coletas de animais (galinhas) que irão ajudar na pesquisa.

“O nosso objetivo é realizar a genotipagem – uma espécie de fotografia do DNA – na cepa do parasita que transmite a doença aqui na Amazônia, para comparar com o DNA dos parasitas de outros países. A hipótese é de que os parasitas aqui do Brasil podem ser geneticamente diferentes e, com isso, causar mais danos à saúde dos pacientes contaminados”, explicou Daniel Ajzenberg.

A pesquisa vai alcançar o estado do Pará e parte da região Norte. Auxiliado pelo Prof. Dr. Antonio Humberto H. Minervino (IBEF), Daniel Ajzenberg realizou coletas nas cidades paraenses de Santarém, Alenquer e Monte Alegre, além de Parintins e Tabatinga, estas no estado do Amazonas. “As galinhas se alimentam bicando a terra onde o gato deposita as fezes contaminadas; elas são, portanto, animais utilizados como indicadores da contaminação ambiental em uma determinada área”, afirmou o pesquisador, completando que o parasita da toxoplasmose se aloja no cérebro e outros tecidos desses animais, de onde serão retiradas as amostras para, então, realizar-se a técnica do bioensaio em camundongos. A coleta das amostras será feita no Laboratório de Sanidade Animal da UFOPA e em seguida enviadas para o laboratório de Doenças Parasitárias da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, onde os pesquisadores irão fazer o mapeamento do DNA das cepas obtidas das galinhas.

Os primeiros resultados parciais do projeto devem ser apresentados, em eventos internacionais, a partir do ano que vem. “Considerando apenas o programa Professor Visitante Especial (PVE) da UFOPA/USP, que está inserido em projeto ainda maior, iremos coletar 100 galinhas em diferentes cidades da região Amazônica. Essas amostras, dependendo do número de animais positivos, irão demandar um grande tempo de análise, em especial as análises que visam a estudar o genoma dos diferentes isolados. Isso é um trabalho bastante demorado”, justificou Minervino.

Na USP a pesquisa está sob a responsabilidade da Profa. Dra. Solange Maria Gennari, que é titular do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da FMVZ. Gennari atua na área de Doenças Parasitárias de Animais, principalmente com protozoários e helmintos de importância veterinária.

Sobre a incidência da toxoplasmose – De acordo com o professor Antonio Humberto H. Minervino, “alguns estudos sorológicos mostram prevalência de anticorpos contra Toxoplasma gondii acima de 70% em populações humanas na região Amazônica; no entanto, a grande maioria apresenta infecção assintomática. Na Guiana Francesa já foram reportados surtos de toxoplasmose grave, inclusive com a morte de pacientes. No município de Almeirim foi reportado, há alguns anos, um surto de toxoplasmose clínica”.

Sobre a toxoplasmose – Conhecida como a doença do gato, a toxoplasmose é assintomática, e pode ser detectada por meio de exame de sangue. É uma doença de baixo risco, exceto para gestantes e pacientes imunodeprimidos, sendo que a grande maioria dos humanos infectados não apresenta sintomas da doença.

Lenne Santos – Comunicação/UFOPA

4/2/2015

 

Prof. Daniel Ajzenberg, Gilson Andrey Siqueira (técnico) e Prof. Antonio Humberto Minervino no Laboratório de Sanidade Animal da UFOPA. Foto: Lenne Santos.