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Óbidos sedia IV Festival de Cultura, Identidade e Memória Amazônida

Óbidos sedia IV Festival de Cultura, Identidade e Memória Amazônida

Abertura do IV Fecima. Foto: Lenne Santos e Martha Costa.

Festival de cultura promove expedição à serra da Escama e caminhada pelos pontos históricos

A cidade de Óbidos (Oeste do Pará) sediou nos dia 24 e 25 de julho o IV Festival de Cultura, Identidade e Memória (Fecima), promovido pela Universidade Federal do Oeste do Pará por meio do Programa de Extensão Cultura, Identidade e Memória na Amazônia (Proext-Cima/CFI). Neste ano o tema escolhido para nortear os debates foi “Cenários da Amazônia: Terra de Culturas”. A conferência de abertura, ocorrida na Casa de Cultura, foi proferida pelo professor Edivaldo Bernardo (Iced/Ufopa). Aspectos da literatura produzida na Amazônia e até da economia da região foram os principais pontos da sua fala. Ao citar Benedito Monteiro, Dalcídio Jurandir, Milton Hatoum, Thiago de Melo, entre outros, lembrou os escritores que abordam a temática amazônica e defendeu um conceito diferenciado de sustentabilidade: “Precisamos respeitar os povos que vivem aqui e principalmente seu comportamento socioantropológico”.

Estiveram presentes à solenidade de abertura o secretário de Cultura e Turismo de Óbidos, Sandro Silva; o secretário de Educação, João Neto (que representou o prefeito municipal); a diretora do Câmpus da Ufopa em Óbidos, Melinda Savino; e a diretora de Cultura da Ufopa, Profa. Deize Carneiro, representando a reitora da universidade, Profa. Dra. Raimunda Monteiro.

Durante dois dias, estudantes, professores e moradores da cidade puderam participar de oficinas, mesas-redondas, debates e também da expedição “Trilha Cultural: uma viagem pelos cenários da Serra da Escama”, formação localizada na margem direita do rio Amazonas, próximo ao estreito de Óbidos. Sua importância remete ao período da Guerra Constitucionalista. A coordenadora da expedição foi a Prof. Deize Carneiro, que explicou o valor histórico e a formação geológica do estreito.

A “Caminhada Memorial da História Obidense” reuniu principalmente estudantes e moradores, que percorreram as ladeiras estreitas da cidade em busca de conhecer um pouco mais da história. Maria de Nazaré Sampaio, 62 anos, estudante do Parfor/Ufopa, fez uma confissão: “Tenho até vergonha de estar conhecendo agora muito sobre a cidade onde nasci e cresci. Mas graças ao Fecima posso reparar isso”, concluiu, risonha.

A dona de casa Francilene Almeida, 31, chegou ao Forte Santo Antônio com uma lembrança de infância. A última vez que esteve aqui foi aos 9 anos de idade, com a turma do catecismo. “A professora nos trouxe aqui porque daqui temos uma bela visão do rio Amazonas. De lá para cá, nunca mais voltei. Só agora”. Ela ficou assustada com a má conservação do lugar, que está sendo restaurado e em breve será transformado num centro cultural.

Na programação foram ofertadas três oficinas: “Teatro e Festejos Culturais”, “Música como Ferramenta de Aprendizagem” e “Prosumer e Telejornalismo: novos hábitos de consumo e produção de notícias”. Comunicações orais de pesquisas reuniram alunos da Ufopa e da Universidade Estadual do Amazonas (UEA).

No encerramento, foi realizada a mesa-redonda “Literatura e Cenários Culturais de Óbidos”, promovida pela Academia Artística Literária Obidense (AALO). Com a participação da escritora Edithe Carvalho Vieira, do cantor e compositor Eduardo Dias, do historiador Carlos Augusto Sarrazin e do vice-presidente da AALO, Evander de Jesus Batista, que mediou os debates que resgataram aspectos históricos e contemporâneos da literatura infantil produzida em Óbidos, da música obidense e dos “causos” da arquitetura do lugar.

Para o coordenador do Fecima, Prof. Dr. Itamar Paulino, o festival vai além de uma atividade de ensino, pesquisa e extensão. “O Fecima tem um objetivo muito claro: apresentar à comunidade obidense um panteão de cultura, identidade e memória, bem como um universo patrimonial de bens caros à sociedade amazônida. Nós também temos a obrigação de juntar isso e transformar numa festa de formação social”. E foi o que aconteceu. Logo após a mesa-redonda, o obidense Eduardo Dias executou uma canção, cujo texto é de autoria de Inglês de Souza. “É uma parceria minha com Inglês de Souza que estará no meu próximo CD”, brincou.

De forma surpreendente, a plateia se manifestou e pelo menos três participantes fizeram questão de declamar poesias, todas tendo como temática a cultura de Óbidos. A atitude remeteu à abertura, quando o poeta Elpídio Picanço – obidense que atualmente vive em Santos (SP), teve duas poesias declamadas por uma das bolsistas do programa. A música de Eduardo Dias encantou a todos. E o fim de tarde em Óbidos, de tom alaranjado, visto de dentro do casarão antigo, sede da Casa de Cultura, ficou ainda mais especial.

Neste ano, o Fecima contou com a participação de um grupo de estudantes estrangeiros que estão de passagem por Santarém para realizar um trabalho voluntário. Eles vieram dos Estados Unidos, Canadá, Itália, França, China, México, Macedônia, República Checa, Polônia, Holanda e Alemanha. A italiana Fravie Serio, única falante do português, resumiu a importância do Festival. “Penso que é uma ótima oportunidade para o povo amazônico porque é possibilidade de implementar o conhecimento sobre a cultura amazônica”.

Lenne Santos – Comunicação/Ufopa

29/7/2015

 

Momento da Caminhada Memorial.

Caminhada Memorial: Forte de Óbidos.

Estudantes estrangeiros prestigiaram o evento. Fotos: Lenne Santos e Martha Costa.