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Projeto Várzea Produtiva beneficia famílias de comunidades ribeirinhas

Projeto Várzea Produtiva beneficia famílias de comunidades ribeirinhas

Fotos: Talita Baena

Financiado pela OTCA, o projeto de extensão universitária incrementa a produção durante cheias do rio Amazonas

Famílias da comunidade de várzea Tapará Grande, localizada num furo na margem esquerda do rio Amazonas, em Santarém, já comemoram os primeiros resultados da introdução de duas novas agrotecnologias - as hortas elevadas em sistemas hidropônicos para o cultivo de tomates e a aquicultura em tanques-redes para o cultivo do tambaqui.

Financiado pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e coordenado pela Profa. Dra. Patrícia Chaves, do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef) da Ufopa, o projeto pode aumentar a renda das comunidades de várzea, pois o cultivo de tomate em hortas elevadas e o cultivo de tambaqui em tanques-redes são experiências que permitem enfrentar o constante desafio de recomeçar a produção rural a cada vazante do rio, fazendo com que essas famílias não deixem de produzir durante o período de cheias dos rios amazônicos, quando os solos desses ecossistemas estão submersos, explica a coordenadora. “Essas tecnologias tendem a incrementar o modo de produção de hortaliças, e no caso das hortas elevadas, que possuem um sistema de cultivo diferenciado, o que permite a essas famílias cultivar hortaliças que outrora não podiam fazer no solo, pois está muito contaminado e doenças como o apodrecimento das raízes, típica de tomates, inviabilizam a produção”, afirma a professora.

Uma das famílias que plantam, pescam e criam na várzea e que aceitaram o desafio de introduzir duas agrotecnologias de uma só vez, é a dos irmãos Regina e Antônio Pimentel, o Macambira do Tapará. Ele e a irmã já colhem os tomates cultivados na horta elevada. “Como nós produzimos no chão, quando a água vinha, nós perdíamos a produção. Agora não, com esse projeto da Ufopa, temos a expectativa de produzir produtos orgânicos, naturais, diferente dos tomates que vêm de fora, e que não sabemos que tipo de produto químico tem dentro deles”, conta Antônio Pimentel.

Quem também está otimista com os resultados do cultivo do tambaqui em tanques-redes em apenas 9 meses é o pescador artesanal Nilton Pinto, de 53 anos. De acordo com ele, como pescar um tambaqui de 2 kg tem um custo elevado de gasolina, já que tem sido cada vez mais difícil encontrá-lo na natureza, o cultivo de 500 alevinos em 10 tanques pode gerar uma renda de até 50 mil reais, com a venda de 10 mil kg de peixe. "O tempo para pescar um tambaqui de 2 kg na natureza não dá nem pra pagar a gasolina gasta em busca dele. E assim, cultivando o tambaqui em cativeiro, é mais fácil conseguir um lucro melhor para a nossa subsistência", espera.

Mais sobre o projeto

O projeto de introdução de novas agrotecnologias em ambientes de várzeas iniciou-se em 2013 e já beneficiou famílias ribeirinhas de varzeas brasileiras e peruanas na Bacia Hidrográfica Amazônica, com a colaboração de profissionais da área de agronomia, sociologia, engenharia, arquitetura, biologia e filosofia - haja vista que, antes da implementação das intervenções agrotecnológicas, foram realizados diagnósticos etnobotânicos, de recursos aquáticos, socioeconômicos e filosófico-culturais, a fim de subsidiar as introduções agrotecnológicas diante do atual contexto de mudanças climáticas locais.

Talita Baena – Comunicação/Ufopa

19/5/2015

Com a escassez de peixe devido à pesca predatória, o cultivo de 500 alevinos em 10 tanques-redes pode gerar uma renda de até 50 mil reais.