Você está aqui: Página Inicial Notícias 2015 Novembro Discussão sobre zoneamento abre II Simpósio de Ciências Agrárias

Discussão sobre zoneamento abre II Simpósio de Ciências Agrárias

Discussão sobre zoneamento abre II Simpósio de Ciências Agrárias

Andrea Coelho, do Inpe, proferiu a palestra de abertura. Foto: Luena Barros.

Pesquisadora do Inpe destacou a necessidade de considerar impactos de grandes projetos econômicos no planejamento e gestão da Amazônia

Em comemoração ao Ano Internacional dos Solos, o Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef) da Universidade Federal do Oeste do Pará iniciou ontem, 28, o II Simpósio de Ciências Agrárias da Amazônia, com o tema “Uso sustentável dos solos amazônicos: um desafio para as Ciências Agrárias”, no Auditório da Unidade Tapajós. O objetivo é reunir profissionais e estudantes da área para discutir modelos sustentáveis de produção, conciliando inovação e respeito às populações da região.

Segundo a coordenadora do evento e professora do Ibef, Andréa Vinente, o tema levanta a discussão sobre a relação dos produtores rurais com os solos a partir de técnicas sustentáveis. “Não é fácil produzir e conservar os recursos naturais. Nós, que trabalhamos no campo, observamos que é um grande desafio utilizar técnicas sustentáveis. A Universidade vem auxiliar, juntamente com pesquisadores da Embrapa e instituições que apoiam a geração de tecnologias, o acesso a essas técnicas para que a agricultura, a pecuária e a atividade madeireira possam ser sustentáveis”, afirmou.

Além da coordenadora, estiveram presentes à abertura do evento o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional, Clodoaldo dos Santos; o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica, Sérgio de Melo; o pró-reitor da Cultura, Comunidade e Extensão, Thiago Vieira; e a diretora do Ibef, Elaine Oliveira. Para Clodoaldo, discussões como essas são ainda mais pertinentes na Amazônia: “O desafio que nós temos na região Amazônica é fazer o trabalho que já foi feito em outras regiões do Brasil, que precisa ser iniciado urgentemente porque esta região está sendo desenvolvida muito rápida e intensamente”.

Gestão do território amazônicoA pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Andrea dos Santos Coelho, proferiu a palestra de abertura “Ordenamento territorial e a produção sustentável: o zoneamento como ferramenta de apoio ao desenvolvimento regional”. Instituído pela Lei nº 6.938/1981, o zoneamento ecológico e econômico é um instrumento de organização do território que estabelece medidas e padrões de proteção ambiental em prol do desenvolvimento sustentável e qualidade de vida das populações.

A pesquisadora apresentou o caso do Pará, cujo macrozoneamento foi realizado no estado em 2007, além de zoneamentos mais detalhados da área de influência da BR-163 e da Calha Norte e Zona Oeste. A questão colocada por ela é: como aproveitar essas análises, de um cenário passado, no planejamento e gestão de um território em transformação?

Para se ter uma ideia, no estado, assim como na Amazônia como um todo, há um forte processo de federalização: 66% do território paraense está sob jurisdição federal, ocupado com unidades de conservação, terras indígenas e assentamentos. Outro dado importante é que 20% do estado estão desmatados, o que o coloca entre os que mais desmatam na região. Além disso, é estratégico como fornecedor de energia hidroelétrica, grande eixo de integração para o resto do país e corredor de exportação de commodities. Um exemplo é a previsão de ampliação do corredor de exportação na hidrovia Tapajós/Amazonas, com 26 estações de transbordo ao longo do rio e a circulação de mais de 5.000 barcaças por mês, segundo cálculos da pesquisadora. Todas essas informações são essenciais para atualizar os zoneamentos já realizados e se pensar o ordenamento do território na Amazônia de forma efetiva, porque impactam diretamente o uso da terra.

“Nós temos a obrigação de deixar de pensar localmente. Nós não temos, até hoje, a cultura de pensar de forma holística, de que um empreendimento que se instale aqui na região Oeste do Pará terá impacto lá no Marajó”, declarou Coelho. “Todas essas situações estão interconectadas e nós temos que fazer o esforço de fazer essas relações quando pensamos no ordenamento do território”, finalizou.

O Simpósio segue até o dia 30 na Unidade Tapajós com minicursos, apresentações de trabalhos e palestras sobre estudos recentes de uso do solo relacionados à agropecuária, biotecnologia e florestas. Hoje à tarde 80 expositores apresentam painéis com estudos recentes de uso do solo. Amanhã, às 9h, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e ganhador do Nobel da Paz em 2007, Philip Fearnside, profere palestra sobre agricultura familiar na Amazônia. A programação completa está disponível no sítio do evento.

Luena Barros - Comunicação/Ufopa

29/10/2015