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Projeto investiga o conhecimento sobre DSTs em Santarém

Projeto investiga o conhecimento sobre DSTs em Santarém

Profissionais do sexo participaram da pesquisa. Foto: Luana Rodrigues.

O diagnóstico apontou que ainda há desconhecimento sobre as doenças e formas de prevenção

HIV, sífilis, gonorreia. Você deve saber que essas são doenças sexualmente transmissíveis. Mas, e quanto à candidíase? Hepatite B? HPV? Tem alguma dúvida? Você não é o único. A professora Luana Rodrigues, do Instituto de Saúde Coletiva (Isco) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), coordenou um projeto de extensão que buscou verificar o nível de conhecimento que gays, travestis, outros homens que fazem sexo (HSH) com homens e profissionais do sexo de Santarém tem acerca dessas doenças.

Ela realizou um diagnóstico com 26 pessoas deste grupo, de idade entre 18 a 57 anos, diferentes níveis de escolaridade, situação econômica e estado civil. Foram feitas entrevistas individuais para verificar se as pessoas sabem quais são as DSTs, como elas são transmitidas e quais são os comportamentos de risco para aquisição.

Sobre as três doenças citadas no início desse texto, todos os abordados têm certeza de que são DSTs. Mas 26,9% e 11,5% dos entrevistados acreditam que o HPV e herpes, respectivamente, não são. E mais: metade dos entrevistados não sabe que a hepatite B pode ser transmitida por contato sexual. Para a professora, esses números preocupam: "Uma maioria tem conhecimento sobre o que são, quais as formas de transmissão e prevenção de HIV, sífilis e gonorreia, mas quando se trata de outras doenças esse conhecimento é insuficiente. Isso é preocupante, pois como uma pessoa pode se proteger com segurança, se ela não sabe quais são as DSTs às quais está vulnerável?"

Em relação à forma de contágio, em um primeiro momento, 96% acertaram que se dá por contato sexual e/ou por contato direto com fluido contaminado e 88% disseram que o preservativo deve ser usado em todo e qualquer tipo de contato sexual. Porém, quando perguntados se o sexo oral é mais seguro que o sexo vaginal ou anal, as opiniões se dividiram: 58% responderam que sim, o que não é verdade. As chances de contaminação são as mesmas. "Isso está associado com a integridade da mucosa. Se a mucosa oral está lesionada por algum motivo, serve de porta de entrada para um agente infeccioso, como o HIV, durante o contato sexual. Portanto, independente da forma praticada, o sexo seguro deve ser sempre com preservativo", esclarece Rodrigues.

Comportamento de risco - Atualmente, não se pode mais falar em "grupo de risco". Com o passar dos anos, o HIV se espalhou por todos os grupos sociais. O que há hoje são comportamentos de risco de contrair o vírus. É de conhecimento de todos os entrevistados que o fato de ser gay não é comportamento de risco.

Por outro lado, a maioria desconhece que ter DSTs recorrentes representa risco de contrair HIV (58%). Outro dado preocupante é que quase metade afirma que a prática de sexo com preservativo às vezes não caracteriza risco de infecção (42,3%). Deve-se esclarecer que o uso do preservativo é a forma mais segura de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV, e deve ser usado sempre.

Para a farmacêutica bioquímica, apesar da disseminação de informações nos meios de comunicação, unidades de saúde e centros de testagens, a pesquisa constatou que ainda há muitos equívocos: "Mesmo em relação ao HIV, amplamente divulgado, nota-se que não são todos que sabem como se proteger. Identificou-se também uma confusão entre as hepatites e um desconhecimento sobre HPV e herpes. Precisamos trabalhar esses índices para que se chegue a uma totalidade".

Com os resultados da pesquisa, a professora pretende iniciar atividades para ampliar o conhecimento sobre o assunto dentro do grupo e diminuir índices dessas doenças no município: "Os próximos passos são elaborar projetos de pesquisa e ações de extensão que promovam a educação e a prevenção de DSTs nesse grupo e estimular o diagnóstico precoce", finalizou.

Luena Barros – Comunicação Ufopa

23/11/2015