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Conhecendo para transformar vidas

Conhecendo para transformar vidas

III Ciclo de Formação das turmas do Parfor, em Juruti

A interação entre professor, cursistas do PARFOR e comunidade vem possibilitando não só a construção do saber, mas também um futuro promissor para a educação em Juruti, no Oeste do Pará.

 

“Eu não sabia que o índice de analfabetismo era tão alto no bairro onde moro”, lamenta Ana Lúcia, 40 anos, cursista PARFOR/UFOPA em Juruti. Essa dura realidade descoberta pela cursista durante a pesquisa socioambiental de resgate da memória promovida pelo projeto Agenda Cidadã foi revelada no III Ciclo de Extensão do Centro de Formação Interdisciplinar da UFOPA. O ciclo encerra a etapa inicial de formação, na qual alunos recém-admitidos ao curso superior já entram em contato com a pesquisa acadêmica.

Ao todo, foram dois dias de debates e discussões sobre o papel do professor e a importância deste como agente de transformação da realidade onde atua. Para o Pró-Reitor de Ensino de Graduação, Prof. Dr. José de Oliveira Aquino, que abriu os trabalhos do ciclo de formação no município de Juruti, as ações e os resultados da Agenda Cidadã – realizados em consonância com as atividades do PARFOR – atingem um problema crônico no âmbito da educação na região amazônica – a baixa qualidade do ensino, como atesta os baixos indicadores do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). “Esses professores, conhecendo agora a realidade da comunidade do seu entorno, poderão transformar essa realidade, possibilitando a construção de um futuro promissor para a educação na região Oeste do Pará”, avalia o Pró-Reitor.

Os resultados parciais da segunda fase do projeto Agenda Cidadã foram apresentados nos formatos de pôsteres, apresentações orais e relatórios individuais. Em Juruti, Luiz Mendes, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), proferiu palestra de abertura e apresentou os dados já consolidados da primeira fase do projeto piloto, realizado em Santarém. No segundo dia do ciclo de extensão, o Prof. Msc. Jaílson Novais e a Prof. Dra. Iracenir Andrade abriram as atividades de apresentações orais. À tarde, a programação continuou com a sessão de pôsteres. Já no domingo, dia 2 de dezembro, os cursistas do PARFOR participaram de oficina de Tratamento Alternativos de Água, já que a problemática da falta de saneamento básico foi observada durante a pesquisa.

Para se compreender as dimensões do mapeamento participativo realizado na primeira fase da Agenda Cidadã, mais de 1 milhão e 800 mil registros foram levantados apenas em Santarém. “A nossa previsão é que sejam mais de 8 milhões de registros nesta segunda fase da pesquisa”, acredita Mendes.

Olhares interdisciplinares

Relatos como da cursista Ana Lúcia sobre o nível de analfabetismo na comunidade onde atua emocionaram os que apreciaram as apresentações orais e revelaram como o olhar transdisciplinar faz a diferença na formação do professor.

Na avaliação de Aquino, os trabalhos apresentados na Formação Interdisciplinar I demonstram o quanto é importante essa formação e o casamento com o projeto Agenda Cidadã. “Esses trabalhos demonstram quão é importante a inserção do professor na realidade da sua comunidade. O que nós vimos hoje aqui foram professores que começam a entender efetivamente a sua comunidade e a fazer um resgate histórico do local onde vivem. Isso é fundamental porque aproxima o professor da comunidade, aproxima o professor do aluno, uma vez que o professor passa a trabalhar o conteúdo que ele vivenciou na comunidade, que é a realidade do próprio aluno. Eu fiquei bastante emocionado ao ver os nossos alunos ainda no primeiro ciclo de formação, mesmo observando a necessidade de alguns princípios metodológicos. Porém, o cerne do problema foi levantado, e o próprio levantamento feito por eles através da pesquisa socioambiental. O resgate histórico já é o retorno à comunidade. Se eles levarem para as suas escolas o que apresentaram, já estarão dando o retorno para essas comunidades onde eles pesquisaram. Tudo isso faz com que o professor mude o seu olhar. Ele passa a olhar para a sua comunidade e, quando o professor olha para a comunidade, muda a sua prática”, conclui.

 

Talita Baena - Comunicação/UFOPA

7/12/2012