Comunidade acadêmica discute Plano Decenal de Ações Afirmativas da Ufopa
Durante todo o dia de hoje, 26, gestores e estudantes indígenas e quilombolas da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) se reúnem para discutir e definir prioridades para a elaboração do Plano Decenal de Ações Afirmativas e Promoção da Igualdade Étnico-Racial da instituição. Esta é a primeira etapa do processo, que deverá se estender pelos próximos seis meses, envolvendo debates amplos e participativos com a comunidade acadêmica e lideranças regionais. A antropóloga Luana Lazzeri Arantes colaborará durante todo o processo, orientando a sistematização das etapas de trabalho e do plano.
Atualmente, são 288 os indígenas e quilombolas matriculados na Universidade e há a intenção de ampliar o acesso a populações tradicionais da região Amazônica. “Nós queremos radicalizar na nossa política de inclusão étnico-racial, de inclusão social na Ufopa, porque nós entendemos que a diversidade é a maior riqueza da nossa região”, destacou a reitora Raimunda Monteiro. Além dela, compuseram a mesa de abertura do evento o vice-reitor, Anselmo Colares, a representante do Coletivo de Estudantes Quilombolas (CEQ), Aline Gabriele, e o indígena Abimael Munduruku.
Segundo o diretor de Ações Afirmativas, Florêncio Vaz, “o índice de aproveitamento dos estudantes que entraram através do Processo Seletivo Especial na Ufopa é altíssimo”. Para ele, isso se deve principalmente ao auxílio-permanência, do qual 282 estudantes fazem parte. Porém, enfatiza que ainda é necessário melhorar a política de recepção, o acompanhamento e a metodologia de ensino praticados em relação a esses estudantes. “Nós precisamos atuar em conjunto para que o que nós vamos discutir aqui seja uma saída, do discurso à prática”, declarou.
A quilombola Daniele Bentes (CEQ) e os indígenas Poró Borari (representante do Baixo Tapajós), Mike Kirixi Munduruku (Alto e Médio Tapajós) e Jonas Wai Wai (Rio Trombetas e Calha Norte) apresentaram as principais demandas dos estudantes que devem ser pensadas para os próximos dez anos. “Nós conseguimos sair de um momento de apenas discussão, agora começamos a caminhar numa perspectiva de concretizar de fato uma política institucional da Ufopa”, afirmou Poró.
Além de exigirem metodologias de ensino diferenciado, é fundamental que se reconheça sua condição como representantes de comunidades que estão em permanente conflito. “Isso é muito importante porque nós como estudantes queremos ter retorno para as nossas comunidades e a Universidade nos ajuda nesse sentido”, reforçou Daniele.
À tarde, todos participam de discussões em quatro grupos de trabalho: Edital do Processo Seletivo 2016; Metodologia de Ensino; Avaliação e Monitoramento; e Racismo, Preconceito e Discriminação na Universidade.
Luena Barros - Comunicação/Ufopa
26/11/2015