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Pesquisadora lança livro sobre desenvolvimento de sistemas agroflorestais na Amazônia

Pesquisadora lança livro sobre desenvolvimento de sistemas agroflorestais na Amazônia

A obra destaca modelos produtivos já implantados na região. Fotos: Talita Baena.

Devido às atividades de pesquisa-extensão em comunidades tradicionais na região registradas na obra, Patrícia Chaves de Oliveira recebeu o título de Comendadora pela Braslider.

Ecofisiologia de Agroecossistemas Amazônicos. Este é o nome do livro lançado pela professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) Patrícia Chaves de Oliveira, que, de forma interdisciplinar, apresenta novos modelos de produção agrícola familiar na região do Baixo Amazonas.

A partir de uma abordagem teórica da ecofisiologia vegetal, isto é, parte da botânica que estuda a adaptação da fisiologia dos vegetais às condições ambientais, a Profa. Patrícia Oliveira relaciona os conceitos da área com questões de extensão rural e desenvolvimento local da região. O livro, distribuído pela Paco Editorial, também está disponível no Laboratório de Estudos de Ecossistemas Amazônicos (LEEA) e a na biblioteca da Ufopa.

Certo de que os produtores da agricultura familiar na Amazônia brasileira – em especial, no território do Baixo Amazonas – sofrem desde o período colonial com o descaso das autoridades públicas, os relatos de experiências bem-sucedidas de sistemas agroflorestais e capoeiras enriquecidas com tecnologias mais ecológicas, sem a utilização do fogo, são dois modelos de produção, apresentados no livro como sendo viáveis à agricultura familiar e que foram introduzidos por meio de pesquisa-ação desenvolvida pela pesquisadora e equipe de bolsistas e colaboradores.

"Os roçados locais da agricultura familiar, basicamente, possuem três espécies, a mandioca, o milho e o feijão; e quando nós implantamos os sistemas agroflorestais ou capoeiras enriquecidas, nós aumentamos de três para nove ou 10 espécies, quando por exemplo introduzimos espécies florestais como ipê, jatobá, pau-rosa ou frutíferas, como caju, acerola e muruci. Dessa forma, torna-se possível o aumento da diversidade de espécies de interesse agroflorestal em ecossistemas produtivos locais, como fizemos no PAE Eixo-Forte. Da mesma forma,  a implantação de capoeiras enriquecidas com espécies de alto valor econômico, constituem um novo modelo de produção na nossa região", explica a autora, que coordena o LEEA (Ibef/Ufopa).

Diversificação agrícola e de renda - Para a agricultura familiar, a vantagem dos novos modos de produzir é a diversificação na produção e na renda. "A família tem uma diversificação da renda ao longo do tempo, ou seja, primeiro o agricultor tira o feijão, o milho, a mandioca, e só  mais tarde colhe a banana, o caju, o açaí, e por ultimo as espécies florestais; tudo numa mesma área. Com isso,  caracteriza-se uma 'agricultura por andar' – onde cada 'andar' representa um tempo-espaço de colheita. Dessa forma, as espécies arbóreas dos sistemas agroflorestais (SAFs), de interesse madeireiro ou não, funcionam como uma poupança para os filhos e netos dos pequenos agricultores, pois são espécies que darão lucro a longo prazo, a partir de 8-10 anos. Dessa forma, a vantagem dos sistemas agroflorestais é que eles dão lucro a curto, médio e longo prazo, e daí a importância de entender o comportamento ecofisiológico desses sistemas produtivos frente às mudanças climáticas locais e globais", explica a pesquisadora.

Prêmio de Comenda

Com os resultados satisfatórios nos processos de pesquisa e extensão rural na região e com indicação de diferentes organizações governamentais e não governamentais, que reconheceram mais de uma década de trabalho desenvolvendo projetos de desenvolvimento local, a Profa. Patrícia Oliveira recebeu, no final de 2016, o prêmio Mérito 2016 Acadêmico, concedido pela Associação Brasileira de Líderes (Braslider), prêmio que está na sua oitava edição.

Na avaliação da docente da Ufopa, o prêmio é fruto de pesquisa-ação aplicada  para o desenvolvimento local e sustentável. "Nosso perfil enquanto educadora é de execução de uma pesquisa comprometida com os entraves sociais no meio rural, o que acaba culminando com processos de pesquisa-ação envolvendo academia e comunidades tradicionais. Para nós a pesquisa só faz sentido se trouxer algum impacto na vida de agricultores familiares e agroextrativistas. Nesse sentido, em 2006, com financiamento do CNPq, começamos projetos em comunidades tradicionais como as do Projeto de Assentamento Agroextrativista Eixo Forte (PAE-Eixo Forte), inovando no modelo de produção destes agricultores.  Depois, no ano de 2009, aprovamos um projeto junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, com o objetivo de fazer o fortalecimento de organizações produtivas femininas. Em 2013, dois outros projetos foram aprovados, um com financiamento do Global Environment Facilities (GEF),  cujo objetivo era trazer novas agrotecnologias para as comunidades ribeirinhas, especificamente hortas levadas e piscicultura de tanques redes; e por último o projeto Núcleo Tecnológico em Hortifruticultura, que tem o financiamento do Ministério da Integração Nacional e visa modernizar os modos de produção e beneficiamento dos produtos da sociodiversidade no território do Baixo Amazonas", conclui a pesquisadora, creditando aos projetos de desenvolvimento o recebimento da premiação de comendadora.

Talita Baena – Comunicação/Ufopa

9/1/2017