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Pesquisa vai apontar valor gasto com a saúde pública em Santarém

Ações estão sendo feitas por estudantes da Ufopa e do ensino médio

Um levantamento das prestações de contas feitas pela Secretaria Municipal de Saúde em Santarém, para identificar os reais valores gastos em assistência farmacêutica nos anos de 2011 a 2015, é o objetivo da pesquisa do discente da Ufopa Matheus Malveira Vaz, do Bacharelado de Farmácia, ligado ao Instituto de Saúde Coletiva (Isco).

A iniciativa também faz parte do Projeto de Extensão intitulado “Promoção da Participação Discente na Formulação de Políticas de Saúde no Município de Santarém”, que conta com a aluna Amanda da Silva Miranda, do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, sendo este em parceria com alunos do ensino médio do Colégio Álvaro Adolfo da Silveira. Os estudos tem à frente o pesquisador Prof. Dr. Wilson Sabino, membro titular do Conselho Municipal de Saúde (CMS), representando a Ufopa.

O ambiente de estudo vem sendo o CMS do Município de Santarém, criado em 8 de julho de 1992. Além do levantamento de dados, também são feitas entrevistas com os membros do Conselho para verificar quais as entidades ali representadas e se a comunidade recebe o feedback a respeito das demandas decididas nas reuniões, das quais seus representantes participam. O foco também está voltado ao ensino médio, procurando capacitar adolescentes no controle social e promoção da saúde.

Participam do projeto docentes, técnicos e discentes do Isco, além de alunos do ensino médio do Álvaro Adolfo. No Conselho, os pesquisadores observam as reuniões ordinárias e analisam atas e documentos das ações da entidade, buscando identificar quais as pautas debatidas. Eles buscam entender o funcionamento do Conselho e quais as entidades que mais se fazem presentes nas reuniões e na tomada de decisão.

O CMS tem por finalidade estabelecer, controlar e avaliar a Política Municipal de Saúde, além de exercer as funções previstas na Lei Federal n°. 8.142/90, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área. Já o trabalho com alunos do primeiro ano do ensino médio estará sendo feito por meio de rodas de conversa entre adolescentes, com o objetivo de discutir o conceito "saúde". Esta fase tem como intuito conhecer quais as ideias que os jovens têm sobre este assunto, discutindo junto a eles os conceitos atualmente existentes.

Desconstruindo mitos: Para o pesquisador e vice-diretor do Instituto de Saúde Coletiva (Isco), Prof. Dr. Wilson Sabino, é preciso que o jovem saiba da importância de ir regularmente ao serviço de saúde para fazer a prevenção de possíveis doenças e receber orientações de como manter sua saúde, “pois o ambiente onde são prestados esses serviços não é um local apenas para as pessoas que estão doentes, como pode parecer para muitos. É também um lugar onde se cuida da saúde e se previnem doenças. Deste modo, se faz necessário valorizar esta postura entre os adolescentes, pois muitos são os mitos arraigados nesta população, como por exemplo, o de que adolescente não adoece”.

Estimular o “Exercício da Cidadania” entre os alunos que estão no primeiro ano do ensino médio é o objetivo inicial desta etapa do projeto. “Os alunos que participaram das orientações terão a possibilidade de realizar visitas mensais às reuniões ordinárias do Conselho de Saúde, para reflexões sobre a realidade em sua comunidade, procurando, desta maneira, associar suas percepções vivenciadas às da dimensão teórica, como desconstruir os mitos”, destaca Sabino.

Visão futurista - Com o possível aprendizado desta experiência iniciada no Colégio Álvaro Adolfo, para o biênio 2016/2017 a ideia é expandir a outras escolas públicas de Santarém, inclusive as localizadas na região ribeirinha, ocasião em que será usado como meio de transporte o N/M Abaré. O foco agora é que para a próxima Conferência Municipal de Saúde em Santarém haja maior participação de jovens adolescentes discutindo políticas de saúde no município. O projeto visa, também, a expandir o trabalho de estímulo à participação nas políticas de saúde no Oeste do Pará, o que pode culminar com a participação de muitos jovens na Conferência Nacional de Saúde. A aposta é que esta etapa seja concluída no período de 2017 a 2019.

Histórico – Foi no período de fevereiro a julho de 2015, em pré-conferências de saúde ocorridas em 29 comunidades santarenas - sendo que em 14 houve a participação de aproximadamente 90 discentes dos cursos de bacharelado Interdisciplinar em Saúde e de Farmácia, 6 docentes e 5 técnicos, todos do Instituto de Saúde Coletiva (Isco) -, que se deram os primeiros passos do projeto de extensão.

O processo culminou com a 13ª Conferência Municipal de Saúde, ocorrida na Ufopa nos dias 30 de junho, 1º, 2 e 3 de julho, cujo tema foi “Saúde de Qualidade para Cuidar com Equidade”. Durante o primeiro semestre de 2015, os discentes participaram de reuniões no Conselho Municipal de Saúde e puderam compreender, na prática, o funcionamento do controle social exercido por este instrumento, além de conhecer quais eram as demandas trazidas pela comunidade.

O Isco representou a Ufopa com delegados titulares eleitos pela comunidade santarena nas respectivas plenárias, cuja obrigação era defender propostas demandadas pela comunidade nos debates. “O momento foi de grande ressignificação no que diz respeito ao Sistema Único de Saúde para todos os discentes do instituto”, lembra Sabino. No que diz respeito ao que se pretende fazer, boa parte do planejado ocorreu durante o ano de 2015, sendo que o ponto máximo deste processo foi a Conferência Nacional de Saúde, ocorrida no início de dezembro em Brasília, da qual três discentes, um técnico e um docente do Isco participaram como convidados do Conselho Nacional de Saúde.

Tiveram a oportunidade de participar de discussões em âmbito nacional que versaram sobre diversos temas, entre eles "Reformas Democráticas e Defesa do SUS" e "Participação Social". Participaram na Plenária geral para votação final das diretrizes e propostas. Possivelmente se espera que o impacto deste aprendizado seja refletido nas ações dos futuros egressos pelo Oeste do Pará.

Albanira Coelho – Comunicação/Ufopa

2/3/2016